sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

É carnaval!

Carnaval!
Começa hoje, e vai até a próxima quarta-feira, chamada "De cinzas", a maior festa popular Brasileira.

Em 2007 eu escrevi um pequeno artigo, chamado "Carnaval é arte?", na revista 'arsCientia' e, nesse artiguinho, fiz uma pequena explanação sobre origem do carnaval, que reproduzo aqui para vocês.

Espero que gostem e desejo que tenham dias de folia sensacionais, mesmo que a 'folia' programada seja a de descansar muito! :-)


Carnaval é Arte?
Jurema Sampaio
http://www.arscientia.com.br/materia/ver_materia.php?id_materia=338


24/02/2007 O carnaval é, como creio que a maioria já sabe, uma festa de origem pagã, que e é a maior festa popular do Brasil. Acontece, segundo o calendário cristão, entre o Dia de Reis (a epifania, em 06 de janeiro) e a Quaresma (quarenta dias antes da Páscoa), durante quatro dias, e termina na quarta-feira de cinzas.


Dito assim, parece não esclarecer nada, não é? É que o carnaval, apesar de ser uma festa tradicional cristã, não tem uma data segundo o calendário gregoriano, que nós usamos/conhecemos, mas sim é regido pelo ano lunar, com origens nas tradições da antiguidade, resgatadas recuperadas pelo cristianismo, em seus primórdios, das tradições pagãs.


Segundo os estudiosos do tema, o carnaval tem o significado de "adeus à carne" ou "carne nada vale" (que deu origem a própria palavra carnaval), tendo um sentido profundamente místico de desapego ao material ao corpo, sendo semelhante, em muitos aspectos, aos bacanais romanos.


O carnaval como conhecemos hoje em dia tem origem na era vitoriana, lá pelos idos do século XIX, entre Paris (FR) e Veneza (IT). No Brasil, o carnaval chegou por meio do “entrudo” português, onde, segundo as tradições portuguesas, as pessoas se sujavam, umas às outras, com ovos, água e farinha. Como o entrudo acontecia num período anterior à quaresma e tinha um significado ligado à liberdade, este sentido permanece até os dias de hoje no nosso carnaval. O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e trouxe, naturalmente, influências das festas carnavalescas da Europa.


No final do século XIX, os primeiros blocos carnavalescos são vistos no Brasil, mas é no início do século XX que os “desfiles” começam. Inicialmente, em carros particulares de passeio, as pessoas se fantasiavam e saim às ruas para se divertir. Alguns historiadores creditam a isso o surgimento dos carros alegóricos.


Também no início do século XX acontece o surgimento das “marchinhas”, que são musicas de espírito brincalhão, repetidas pelo povo na alegria e brincadeira de rua. Com o surgimento da escola de Samba Deixa Falar, que posteriormente se tornou a Estácio de Sá, o carnaval passa a assumir o formato que tem hoje, de desfile de escolas de samba, mega-evento carioca, famoso em todo o mundo e que já tem em São Paulo uma “derivação” de formato. Pois, no norte e nordeste do Brasil permanecem algumas das tradições portuguesas que, com influências indígenas, africanas (na Bahia, por exemplo) e de outras culturas, foi tomando outros formatos, já consagrados pelo gosto popular brasileiro.


No aspecto cultural, o tema carnaval é, sem dúvida, uma oportunidade ímpar de desenvolvimento de trabalho e/ou estudo arte-educacional. Basta ver o número de tese que versam sobre cultura e arte popular, escolas de samba e carnaval nas universidades brasileiras. O trabalho educacional de alguns projetos desenvolvidos em torno das comunidades das escolas de samba também é exemplo de utilização positiva do tema em arte-educação.


O carnaval ainda escancara a capacidade e produção artística popular do povo brasileiro e explicita a existência da educação não-formal no espaço carnavalesco, bem como auxilia a construção de identidade artístico-cultural do povo brasileiro. Isso tudo sem nem mencionar o grande teatro que é, em essência, o carnaval! Um dos mais respeitados artistas da Pop Art, o inglês Richard Hamilton(1), destacou as qualidades que considera ideais para que uma obra de arte possa pertencer à atualidade: transitoriedade, popularidade, sensualidade, humor, glamour, esperteza, jovialidade, produto de massa, e alta rentabilidade financeira . Será que ainda resta alguma dúvida sobre a questão do Carnaval ser ou não arte?


(1) RICHARDS, Hamilton - Pop Art in Concepts of Modern Art. Londres

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